Após um ano recorde para a cloud em 2021, os promotores de centros de dados mantiveram o ritmo de desenvolvimento durante 2022 e em 2023. A crescente procura por infraestruturas eficientes, fáceis de operar e escalar está a impulsionar a adopção de soluções convergentes, híbridas e geridas.
O crescimento continua em alta
De acordo com um relatório recente da Technavio, o mercado global de centros de dados deverá crescer 615,96 mil milhões de dólares (580,45 mil milhões de francos suíços) entre 2021 e 2026, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 21,98%. A Quadintel prevê que o mercado atinja os 6 mil milhões de dólares até 2028, com uma CAGR de 4,5%. Já a Research and Markets aponta para um crescimento global de 73% ao longo dos próximos quatro anos.
Este crescimento é sustentado por factores já conhecidos, como o aumento do streaming, do teletrabalho e do ensino à distância, da análise de dados, da IoT, da aprendizagem automática, da inteligência artificial e da digitalização de processos industriais e empresariais. Paralelamente, um número crescente de pequenas e médias empresas está a adoptar tecnologias digitais. Neste contexto, o modelo Data Center as a Service (DCaaS) surge como a evolução natural do Infrastructure as a Service (IaaS).
Infraestruturas preparadas para a velocidade
Para responder à crescente procura de largura de banda, as velocidades de 100G e 400G poderão tornar-se o novo padrão mais rapidamente do que se previa. Com a transição para 400G e 800G já em curso, muitos centros de dados estão a avaliar as suas infraestruturas actuais e a planear a sua preparação para o futuro. Enquanto os padrões 40G e 100G exigiam oito fibras em pares paralelos, as velocidades superiores requerem 16 ou 32 pares, aumentando a densidade de cablagem.
As arquitecturas estão a evoluir para redes em malha densa, com topologias spine-leaf e soluções EoR/MoR e ToR, que simplificam a gestão da rede e aumentam a capacidade. Caminhos de migração inteligentes, soluções pré-configuradas, produtos optimizados para alta densidade e sistemas de monitorização e gestão de activos serão fundamentais para suportar velocidades de 400G/800G.
Com a crescente densidade nos bastidores, a manipulação de cabos torna-se cada vez mais complexa, exigindo soluções que reduzam significativamente o tempo de instalação e garantam a funcionalidade — como é o caso da cablagem pré-terminada e dos novos conectores de fibra push-pull. Armários pré-configurados, integrando energia, refrigeração, segurança e conectividade, permitem uma abordagem modular eficiente, assegurando comunicação entre os elementos da infraestrutura.
A tendência da convergência
Muitas aplicações exigem processamento de dados em tempo real, no local ou próximo da origem, para garantir a rapidez e fiabilidade necessárias. Os centros de dados híbridos oferecem uma solução eficaz, combinando infraestruturas locais, virtuais e na cloud, respondendo às necessidades crescentes de escalabilidade e resiliência.
Consoante os requisitos de cada organização, é possível combinar centros de dados principais e locais com DCs periféricos (edge). Os servidores físicos estão a ser virtualizados e integrados em redes suportadas por ambientes multi-cloud. Tecnologias de baixa latência, como 5G e IoT, continuarão a fomentar esta evolução.
A digitalização está igualmente a promover a convergência entre as tecnologias de informação (TI) e as tecnologias operacionais (OT). Os DCs periféricos são frequentemente instalados em locais com escassez de recursos técnicos especializados. Em muitos casos, os centros de dados de menor dimensão não contam com equipas dedicadas à gestão de instalações, TI ou infraestruturas. A automatização de processos pode ajudar os técnicos no terreno, facilitando operações como alterações, adições e movimentações (MACs).
Fibra ótica: a espinha dorsal da conectividade
Ao contrário do cobre, a fibra permite uma migração rápida e eficiente para velocidades superiores. As redes locais podem estabelecer ligações de longa distância através de uma backbone de fibra, assegurando conectividade de alta capacidade entre centros de dados, unidades edge e utilizadores finais.
Algumas organizações estão a investir em redes óticas ponto-a-ponto próprias, reduzindo custos e aumentando a flexibilidade e capacidade. A conectividade baseada em fibra está também a interligar um número crescente de micro DCs empresariais.
Conhecimento preciso para uma gestão eficaz
À medida que os centros de dados se tornam mais complexos e multifuncionais, a visibilidade precisa e actualizada da infraestrutura torna-se indispensável. Demonstrar o ciclo de vida de activos críticos — como switches ou servidores, é também essencial para efeitos de conformidade.
Os operadores procuram garantir que novos serviços são activados com rapidez e funcionam correctamente desde o primeiro momento. Do mesmo modo, os gestores de instalação necessitam de confirmar, com total certeza, a ligação exacta de cada porta para evitar falhas e riscos de segurança.
Consumo energético e sustentabilidade
Apesar dos avanços em eficiência, o consumo energético dos centros de dados continua a ser elevado, impulsionado pela crescente adesão à cloud. Segundo a Cisco*, o tráfego IP dos centros de dados na cloud deverá atingir os 19.509 exabytes por ano em 2023, enquanto o tráfego em centros de dados tradicionais será de cerca de 1.046 exabytes por ano. A Allied Market Research estima que o mercado global de energia para centros de dados, avaliado em 11,2 mil milhões de dólares em 2021, alcance os 24 mil milhões até 2031.
O consumo energético dos equipamentos de rede está sob vigilância apertada. A pressão sobre as redes eléctricas locais, provocada pela construção ou expansão de centros de dados, poderá tornar-se um critério relevante nos processos de licenciamento. Com o aumento do financiamento público e privado, cresce também a exigência de soluções mais sustentáveis e energeticamente eficientes.
As organizações, a nível global, estão a comprometer-se com a redução das suas emissões de CO₂, recorrendo a infraestruturas energeticamente eficientes e boas práticas operacionais. Isto implica monitorização contínua do consumo energético, bem como de variáveis como a temperatura.
DCIM: protecção e previsão
Além de aspectos tradicionais como a redução do tempo médio de reparação, manutenção preditiva, eficiência energética e optimização de recursos, a protecção de dados tornou-se um factor decisivo nos sistemas de Data Center Infrastructure Management (DCIM). Até 2025, prevê-se que a geração global de dados ultrapasse os 180 zettabytes — o que representa um crescimento anual de 40%. Este cenário aumenta a exposição a ciberameaças, tornando essencial a monitorização da infraestrutura física e das portas de ligação.
De acordo com a Future Market Insights, o mercado global de DCIM deverá atingir os 13,5 mil milhões de dólares até 2032 — um crescimento de 2,8 mil milhões face a 2021. A Research Nester estima que as receitas do sector atinjam os 10 mil milhões até ao final de 2031.
À medida que mais funcionalidades são transferidas para a cloud, os sistemas DCIM baseados na cloud ganham protagonismo. A necessidade de dados fiáveis para antecipar requisitos de capacidade continua a ser um dos principais impulsionadores deste segmento.